Segundo a PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), realizada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), a inadimplência atingiu 30,5% das famílias no mês de setembro. É o maior número da série histórica iniciada em 2010.
A pesquisa ainda apontou que 13% das famílias não têm condições de pagar as próprias dívidas. 47,8% dos que se declararam inadimplentes se encontram nessa situação há mais de 90 dias.
Em entrevista ao Hora News desta quarta-feira (8), Roberto Dumas, professor de economia do Insper, diz que o principal fator que justifica o recorde é a alta taxa de juros.
“A taxa de juros básica do Banco Central está 15%, mas isso não é a taxa de juros que se cobra de uma pessoa física com recursos livres. O que se cobra de uma pessoa física na média, dados do Banco Central, chega a 58%, 60% de juros ao ano. Então é um juro muito pesado em cima das famílias”, aponta o economista.
Dumas aponta que cartões de crédito também geram um grande endividamento à população do país. “Existe uma certa falta de conhecimento do brasileiro em termos de como tratar as coisas financeiras. Era melhor tomar um capital de giro do que se endividar, provavelmente, no cartão de crédito”, analisa.
O professor mostra uma visão pessimista quanto à diminuição do número de famílias endividadas, uma vez que a taxa de juros deve se manter no patamar de 15% neste ano. “O cenário não é promissor, porque esse ano muito provavelmente os juros não vão cair. Deve cair lá para o meio do ano que vem e juros mais altos significa um desaquecimento da economia”, projeta o especialista.
O cenário de inadimplência cria um ciclo de aumento nas taxas, visando minimizar o prejuízo de instituições financeiras. “Os bancos estão cobrando muito alto, porque eles têm receio de não receber dos maus pagadores. Por isso ele cobra também muito dos bons pagadores. E a economia tende a se arrefecer agora no final do ano, no começo do ano que vem”, completa Dumas.
Fonte: noticias.r7